quarta-feira, 29 de junho de 2011

Os diferentes tipos de intervenção, empregadas pelos professores, na correção de uma redação


A correção indicativa: ocorre na maioria esmagadora dos casos pesquisados. Todos os professores fazem uso dessa estratégia, com maior ou menor freqüência. Nesse tipo, as correções ocorrem tanto na margem do texto do aluno (conforme Serafini), como no próprio corpo da redação (como encontrei nos textos analisados). São estratégias indicativas no corpo do texto:

o professor circunda (ou sublinha) a palavra em que ocorre o problema;

o professor circunda (ou sublinha) a seqüência de letras onde se localiza o problema;

o professor circunda (ou sublinha) a forma problemática;

o professor traça um "X" no local de ocorrência do problema;

o professor traça sinais acompanhados de expressões breves, na seqüência lingüística próxima à ocorrência do problema .

São estratégias indicativas na margem do texto:

o professor traça um "X" na direção da linha onde ocorre o problema;

o professor traça um asterisco, na direção da linha onde ocorre o problema;

o professor traça linha(s) vertical (is) paralela(s), chave(s) ou colchete(s), na direção do trecho onde ocorre o problema.

Agora é possível dizer em que consiste a correção indicativa: é simplesmente apontar, por meio de alguma sinalização (verbal ou não, na margem e/ou corpo do texto), o problema de produção detectado. Por uma questão de rigor metodológico, eu não diria (conforme disse Serafini) que nesse tipo de correção o professor "altera muito pouco", simplesmente porque ele "não altera nada", somente indica o local das alterações a serem feitas pelo aluno.

Esse é o tipo de correção mais largamente empregado pelos professores-sujeitos, seja como único recurso de correção, seja como reforço às demais formas interventivas.

A correção resolutiva: segundo Serafini (1989:113), consiste em reescrever todos os erros, reescrevendo palavras, frases e períodos inteiros. Nela, o professor realiza uma delicada operação que requer tempo e empenho, isto é, procura separar tudo o que no texto é aceitável e interpretar as intenções do aluno sobre trechos que exigem uma correção; reescreve depois tais partes fornecendo um texto correto. Neste caso, o erro é eliminado pela solução que reflete a opinião do professor.

Encontrei muito pouco desse método de abordagem no conjunto de redações analisadas. E assim como pude verificar nas correções indicativas, nas de cunho resolutivo há uma variação na forma de intervenção que vale a pena ser mencionada. De um modo geral, elas se concentram mais no corpo do texto do que na margem ou "pós-texto".

Estratégias resolutivas no corpo do texto:

Estratégia de adição: o professor acrescenta forma(s) no espaço interlinear superior à linha em que ocorre o problema.

Estratégia de substituição: o professor reescreve a forma substitutiva no espaço linear superior à linha em que ocorre o problema.

Estratégia de deslocamento: o professor reescreve, em outro lugar do texto, a forma problemática (além de indicar o item a ser deslocado).

Estratégia de supressão: o professor risca a forma de supressão.

Estratégias resolutivas na margem do texto:

O professor escreve a forma alternativa na direção da linha em que ocorre o problema.

Estratégias resolutivas no "pós-texto":

O professor escreve, no "pós-texto", a forma alternativa à forma problemática.

Como se pode observar, as resolutivas concentram-se no corpo do texto, sendo pouco freqüentes as resoluções nas margens e menos ainda no "pós-texto". Além disso, vale a pena frisar que, na maior parte dos casos de correção resolutiva, há igualmente indicações, a título de reforço. No último caso citado ocorre apenas um deslocamento – em vez de fazer a operação in loco,o professor opta por fazê-la no "pós-texto" do aluno.

A análise nos permite dizer que, agindo dessa maneira, o professor nada mais faz do que meramente apontar para o aluno os locais onde ele deve operar no texto, seja substituindo, seja retirando, seja acrescentando ou deslocando formas.

Estou constantemente chamando a atenção dos leitores para o fato de existirem meios e meios de correção de redações dos alunos na escola, frisando sempre que é um trabalho árduo, desde que feito com seriedade e compromisso com o futuro daquele ser humano em relação ao uso da língua escrita.. Pretendo encerrar minhas análises sobre os tipos de correções propostos, para passar às reflexões sobre a relação do pesquisador analista no diálogo correção/revisão, trabalho que realizarei em outro número desse mesmo periódico.

A correção classificatória:

Tal correção consiste na identificação não ambígua dos erros através de uma classificação. Em alguns desses casos, o próprio professor sugere as modificações, mas é mais comum que ele proponha ao aluno que corrija sozinho o seu erro (...) Frente ao texto:

"Ainda que eu ia a praia todos os verões...".

o professor sublinha a palavra ia (como no caso da correção indicativa) e escreve ao lado a palavra modo.O termo utilizado deve referir-se a uma classificação de erros que seja do conhecimento do aluno (obviamente, neste caso, o modo do verbo é a fonte do erro). (Serafini, 1939:114)

Poucos dos professores analisados adotaram a correção classificatória (preferem a resolutiva). Mas os que o fazem utilizaram um conjunto de símbolos (letras ou abreviações), escritos em geral à margem do texto, para classificar o tipo de problema encontrado. É lógico que o comportamento docente que precede o uso dessa estratégia é previamente combinado com os alunos, que conhecem tais símbolos, os quais variam de professor para professor. Abaixo, farei um quadro demonstrando os símbolos encontrados nas redações analisadas.

Vale a pena ressaltar agora que, como ocorre nos casos de resolutiva, nos de correção classificatória, a indicativa também marca presença, exercendo uma função de reforço expressivo altamente significativa no processo interlocutivo professor/aluno.

O trabalho de interpretação dos símbolos foi difícil e tive que recorrer ao auxílio dos professores usuários. Vou listar apenas alguns dos símbolos encontrados nos textos analisados, o que não quer dizer que os professores consultados não usassem outros, naquela ocasião.

SÍMBOLO

SIGNIFICADO

N.º DE PROFESSORES

A

Acentuação

8

Amb.

Ambigüidade

1

Coe.

Coesão

1

Coer.

Coerência

1

?

Confuso

6

CP/Col.Pron.

Colocação Pronominal

1

CN

Concordância nominal

1

C

Concordância

3

Fica evidente que, nesse trabalho do conjunto de símbolos, houve algumas dificuldades. Algumas classificações me pareceram muito claras, outras não, o que me permite discordar de Serafini quando diz que a classificatória "consiste numa identificação não-ambígua dos erros".

A correção textual-interativa: é o quarto e último tipo de correção encontrado nas redações analisadas. Trata-se de comentários mais longos do que os que se fazem na margem, razão pela qual são geralmente escritos em seqüência ao texto do aluno (no espaço que aqui chamei de "pós-texto"). Tais comentários são como "bilhetes" que, muitas vezes, extensos demais para o tipo redacional, estruturação e temática, mais parecem verdadeiras cartas.

Eles têm duas funções básicas, conforme pude perceber: falar acerca da tarefa de revisão pelo aluno (ou, mais especificamente, sobre os problemas do texto), ou falar, metadiscursivamente, acerca da própria tarefa de correção pelo professor.

Os "bilhetes" se explicam, pois em face da impossibilidade prática de se abordarem certos aspectos relacionados ao trabalho interventivo escrito por meio dos demais tipos de correção apontados. Se resolver ou indicar no corpo, assim como indicar ou classificar na margem não parecem satisfatórios, o professor recorre a essa maneira alternativa de correção, relativamente aos tipos apontados por Serafini. Utiliza, daí, aquele espaço em branco que sobra abaixo da redação na folha de papel, que não foi preenchido pela escrita do aluno.

O que percebi nitidamente nessa estratégia, obviamente em relação aos textos analisados é que, quando falam da revisão, os professores tematizam ora o comportamento verbal do aluno, ora seu comportamento não-verbal. Percebe-se, também que, quando o professor não está interessado em falar dos problemas do texto em si, mas, sim, de outros aspectos relacionados à tarefa de revisão, é por depois motivos que o faz: ou para elogiar o que foi feito pelo aluno (aprovando como foi feito o que o que foi feito), ou para cobrar o que não foi feito. Um exemplo:

Maria Laura, faça as correções com calma, utilizando o dicionário, se for preciso. Sua história está bem estruturada, mas é preciso cuidar da pontuação.

SN

Roberta, você entendeu bem a proposta e criou fatos para ligar as duas histórias. Refaça, com cuidado, as correções. Um beijo e um queijo,

N

Vale a pena ressaltar que o "bilhete" escrito pela professora para Maria Laura, teve resposta, logo abaixo:

"Vou tentar melhorar", escreve a menina e a professora ainda continua o processo escrevendo:

"Melhorou. Corrija o que falta. Gosto de ver a sua dedicação ao estudo de Português". SN

Os "bilhetes" de SN não fazem referência apenas à estruturação da narrativa de M. Laura, mas também e, sobretudo, ao seu empenho no trabalho de produção e revisão de texto. Pela resposta que esta dá em seqüência ao texto da professora, percebe-se que este é o aspecto da correção que mais lhe toca, já que retomado em sua fala e reflete a troca de turnos que ocorre na interlocução aluno/produtor/professor/aluno-revisor.

Os "bilhetes", na realidade, tentam ir além das formas corriqueiras e tradicionais de intervenção, para falar dos problemas do texto. A correção textual-interativa é, pois, a forma alternativa encontrada pelo professor para dar conta de apontar, classificar ou até mesmo resolver aqueles problemas da redação do aluno que, por alguma razão, ele percebe que não basta via corpo, margem, ou símbolo.

Após essa descrição geral das diversas formas de intervenção escrita a distância (em ausência, portanto) do professor no texto do aluno, na próxima série de artigos, procederei ao relato do exame das reescritas (revisões) elaboradas, as quais também analisei, tentando seqüenciar meu trabalho. Quando assim procedi, queria saber qual a natureza das alterações realizadas pelos alunos em suas redações a propósito de correções resolutivas, indicativas, classificatórias ou textuais-interativas.

Por Maria Cristina Ramos,

Drª em Análise do Discusso

pela Unesp/Araraquara/SP

terça-feira, 28 de junho de 2011

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES – REDAÇÃO

1 – Para construir o humor, Jô Soares faz, no texto abaixo, uso do vocabulário médico em sentido conotativo. Leia com atenção:

SALARIOSE ESPONTÂNEA – s.f Micróbio insidioso que aparece de tempo em tempo, contamina uma parte dos parlamentares e faz com que eles aumentem, por sua própria iniciativa, os seus salários. O que mais impressiona neste micróbio é que ele faz com que os deputados atingidos percam completamente a perspectiva e votem o assunto nos momentos mais inoportunos. Como na maioria dos casos das moléstias médico-políticas, o micróbio é incontrolável.

Jô Soares. Pequeno Dicionário Médico-Político Brasiliense

a) Identifique os termos que, em seu sentido denotativo, fazem parte do discurso médico.

b) Qual a intenção do humorista ao utilizá-los em sentido conotativo?

2 – O texto abaixo faz uma afirmação que pode ser controversa.

Brrrrrrr , que medo do Toutatis

Por pouco que o mundo não acabou no sábado 30. São cientistas britânicos da Universidade de Cambridge que garantem isso: “Um asteróide passou muito perto da Terra, numa distância equivalente a 14 vezes a que separa o nosso planeta e a Lua, o que significa zero no campo das astronomia”. O nome do asteróide quase assassino é Toutatis. O que inquieta os pesquisadores é o fato de existirem corpos celestes ainda não identificados e, dessa forma, fica difícil saber se estão ou não em rota de colisão com a Terra.

IstoÉ

a) Transcreva do texto, a afirmação problemática.

b) Explique, com base em dados fornecidos pelo próprio texto, por que tal afirmação pode ser problemática.

c) Há, no texto, alguma informação que poderia justificar a afirmação feita?

3 – Leia com atenção os quadrinhos abaixo:



- A fala de Helga indica um pressuposto sobre os homens. Explicite-o.

- Que opinião sobre o casamento fica implícita a partir da identificação desse pressuposto?

4 – (Unicamp-SP) Para entender a tira abaixo, é necessário dar-se conta de que a pergunta de Helga pode ter duas interpretações.



- No contexto, como deve ser interpretada a fala de Helga?

- Como Hagar interpretou a fala de Helga?

- Explique por que o comportamento lingüístico de Hagar não corresponde ao de um falante comum?


ATENÇÃO: Todas as respostas deverão ser enviadas para:

profelder2004@yahoo.com.br

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Tema importante


USO DA VÍRGULA



A vírgula é um dos elementos que causam mais confusão na língua portuguesa. Pouca gente sabe ao certo onde deve e onde não deve usá-la. O motivo disso é bem simples: sempre nos ensinaram do jeito errado!

Você deve lembrar da sua professora falando coisas como “a vírgula é usada para indicar pausa”, “prestem atenção em como vocês falam, quando tiver pausa, usem vírgula”. Isso é besteira, pois cada um de nós fala de um jeito diferente, usa pausas diferentes e, basicamente, decide como quer falar.

Mas não podemos simplesmente decidir onde vai e onde não vai vírgula. Ela tem poder demais para ser arbitrária. Quer ver o poder da vírgula?

Pois bem, existem algumas regras para o uso da vírgula, e elas são baseadas na gramática. Deu medo, né? Calma, o meu objetivo aqui é mastigar a gramática pra que você não estrague seus dentes ;-)

1. Use a vírgula para separar elementos que você poderia listar

Veja esta frase:

João Maria Ricardo Pedro e Augusto foram almoçar.

Note que os nomes das pessoas poderiam ser separados em uma lista:

Foram almoçar:

· João

· Maria

· Ricardo

· Pedro

· Augusto

Isso significa que devem ser separados por vírgula na frase original:

João, Maria, Ricardo, Pedro e Augusto foram almoçar.

Note que antes de “e Augusto” não vai vírgula. Como regra geral, não se usa vírgula antes de “e”. Há um caso específico que eu explico daqui a pouco. Um outro exemplo:

A sua fronte, a sua boca, o seu riso, as suas lágrimas, enchem-lhe a voz de formas e de cores… (Teixeira de Pascoaes)

2. Use a vírgula para separar explicações que estão no meio da frase

Explicações que interrompem a frase são mudanças de pensamento e devem ser separadas por vírgula. Exemplos:

Mário, o moço que traz o pão, não veio hoje.

Dá-se uma explicação sobre quem é Mário. Se tivéssemos que classificar sintaticamente o trecho, seria um aposto.

Eu e você, que somos amigos, não devemos brigar.

O trecho destacado explica algo sobre “Eu e você”, portanto deve vir entre vírgulas. A classificação do trecho seria oração adjetiva explicativa.

3. Use a vírgula para separar o lugar, o tempo ou o modo que vier no início da frase.

Quando um tipo específico de expressão — aquela que indica tempo, lugar, modo e outros — iniciar a frase, usa-se vírgula. Em outras palavras, separa-se o adjunto adverbial antecipado. Exemplos:

Lá fora, o sol está de rachar!

“Lá fora” é uma expressão que indica “lugar”. Um adjunto adverbial de lugar.

Semana passada, todos vieram jantar aqui em casa.

“Semana passada” indica tempo. Adjunto adverbial de tempo.

De um modo geral, não gostamos de pessoas estranhas.

“De um modo geral” é sinônimo de “geralmente”, adjunto adverbial de modo, por isso vai vírgula.

4. Use a vírgula para separar orações independentes

Orações independentes são aquelas que têm sentido, mesmo estando fora do texto. Nós já vimos um tipo dessas, que são as orações coordenadas assindéticas, mas também há outros casos. Vamos ver os exemplos:

Acendeu um cigarro, cruzou as pernas, estalou as unhas, demorou o olhar em Mana Maria. (A. de Alcântara Machado)

Nesse exemplo, cada vírgula separa uma oração independente. Elas são coordenadas assindéticas.

Eu gosto muito de chocolate, mas não posso comer para não engordar.

Eu gosto muito de chocolate, porém não posso comer para não engordar.

Eu gosto muito de chocolate, contudo não posso comer para não engordar.

Eu gosto muito de chocolate, no entanto não posso comer para não engordar.

Eu gosto muito de chocolate, entretanto não posso comer para não engordar.

Eu gosto muito de chocolate, todavia não posso comer para não engordar.

Capiche? Antes de todas essas palavras aí, chamadas de conjunções adversativas, vai vírgula. Pra quem gosta de saber os nomes (se é que tem alguém), elas se chamam orações coordenadas sindéticas adversativas. (medo!)

Agora só faltam mais duas coisinhas:

Quando se usa vírgula antes de “e”?

Vimos aí em cima que, como regra geral, não se usa vírgula antes de “e”. Tem só um caso em que vai vírgula, que é quando a frase depois do “e” fala de uma pessoa, coisa, ou objeto (sujeito) diferente da que vem antes dele. Assim:

O sol já ia fraco, e a tarde era amena. (Graça Aranha)

Note que a primeira frase fala do sol, enquanto a segunda fala da tarde. Os sujeitos são diferentes. Portanto, usamos vírgula. Outro exemplo:

A mulher morreu, e cada um dos filhos procurou o seu destino (F. Namora)

Mesmo caso, a primeira oração diz respeito à mulher, a segunda aos filhos.

Existem casos em que a vírgula é opcional?

Existe um caso. Lembra do item 3, aí em cima? Se a expressão de tempo, modo, lugar etc. não for uma expressão, mas sim uma palavra só, então a vírgula é facultativa. Vai depender do sentido, do ritmo, da velocidade que você quer dar para a frase. Exemplos:

Depois vamos sair para jantar.
Depois, vamos sair para jantar.

Geralmente gosto de almoçar no shopping.
Geralmente, gosto de almoçar no shopping.

Semana passada, todos vieram jantar aqui em casa.
Semana passada todos vieram jantar aqui em casa.

Note que esse último é o mesmo exemplo do item 3. Vê como sem a vírgula a frase também fica correta? Mesmo não sendo apenas uma palavra, dificilmente algum professor dará errado se você omitir a vírgula.

Não se usa a vírgula!

Com as regras acima, pode ter certeza de que você vai acertar 99% dos casos em que precisará da vírgula. Um erro muito comum que vejo é gente separando sujeito e predicado com vírgula. Isso é errado, e você pode ser preso se for pego usando!

Jeito errado:

João, gosta de comer batatas.

Alice, Maria e Luíza, querem ir para a escola amanhã.

Jeito certo:

João gosta de comer batatas.

Alice, Maria e Luíza querem ir para a escola amanhã.

Exercício sobre vírgula e pontuação

O seu Alfredo estava já no fim da vida e escreveu seu testamento. Infelizmente, ele esqueceu da pontuação, e o texto ficou assim:

Deixo minha fortuna a meu sobrinho não à minha irmã jamais pagarei a conta do alfaiate nada aos pobres

Reescreva o testamento 4 vezes, de forma que em cada uma delas você deve dar a herança pra alguém diferente. Você pode usar qualquer sinal de pontuação, mas não pode mudar as palavras.

É um exercício legal e tem várias formas de resolver. Escrevam suas tentativas aí nos comentários.

sábado, 25 de junho de 2011

Um exemplo de crônica


O cãozinho e o professor

Sábado. Dia de feira em Propriá. Saio às seis e meia da manhã. O tempo está frio e a minha opção de roupa não ajudou muito: calção, camiseta e sandália de dedo. Assim fui pelo beco. Ao longe via algo, de cor branca, enrolado. Ao chegar perto, logo vi que era um cachorro, ainda muito novo, se contorcendo de dor. Seu corpo estava sobre um pedaço de papelão. sentia-se no ar um cheiro de morte. Segui em frente.

Fiz a feira e segui de volta para casa. Passando de volta pelo beco, notei que o cachorro ainda se contorcia. Cheguei em casa. Tomei banho, comi uma torrada e fui lecionar no Polivalente, mas nada da imagem do cachorrinho sair da minha memória...

Quem seria o seu dono? Será que estava ciente que ele estava ali, morrendo? Qual seria a enfermidade? Será que ninguém tentou amenizar o seu sofrimento? O que fez aquele cachorro para merecer morrer com tamanho abandono?

Questões que não param de bailar à minha frente. Fazer o que? Só me resta escrever e dar um exemplo de crônica aos meus/minhas alunos(as) do acompanhamento da prova do ENEM.


Atenção a todos(as):

Acho muito interessante a visita a esses sites que tratam de crônicas:











Boa leitura!!!

Ah! Antes de acabar, gostaria de deixar com vocês esse endereço:


Lá você vai encontrar diversas resenhas de livros. Essa dica é só para que você vá se habituando com os trabalhos do ensino superior, além do que esse blog é ótimo para se aprender diversas coisas. Dê uma olhada e comente o que achou aqui neste post.

Dissertação - Escrevendo um bom texto dissertativo


Dissertação é um texto que se caracteriza pela defesa de uma idéia, de um ponto de vista, ou pelo questionamento acerca de um determinado assunto.

Em geral, para se obter maior clareza na exposição de um ponto de vista, costuma-se distribuir a matéria em três partes.

  1. Introdução - em que se apresenta a idéia ou o ponto de vista que será defendido;

  2. Desenvolvimento ou argumentação - em que se desenvolve o ponto de vista para tentar convencer o leitor; para isso, deve-se usar uma sólida argumentação, citar exemplos, recorrer a opinião de especialistas, fornecer dados, etc.

  3. Conclusão - em que se dá um fecho ao texto, coerente com o desenvolvimento, com os argumentos apresentados.

Quanto à linguagem, prevalece o sentido denotativo das palavras e a ordem direta das orações. Também são muito importantes, no texto dissertativo, a coerência das idéias e a utilização de elementos coesivos, em especial das conjunções que explicitam as relações entre as idéias expostas. Portanto, a elaboração de um texto dissertativo não está centrada na função poética da linguagem e sim na colocação e na defesa de idéias e na forma como essas idéias são articuladas. Quando se lança mão de uma figura de linguagem, ela deverá sempre ser utilizada com valor argumentativo, como um instrumento a mais para a defesa de uma determinada idéia.

O Esquema-Padrão

Inicialmente, é preciso não confundir esquema com rascunho.

É importante atentar para um fato: cada dissertação, dependendo do tema e da argumentação, pede um esquema. Uma dissertação subjetiva, por exemplo, permite ao produtor do texto utilizar certos recursos que seriam descabidos numa dissertação objetiva.

Esquema é um guia que estabelecemos para ser seguido, no qual colocamos em frases sucintas (ou mesmo em simples palavras) o roteiro para a elaboração do texto. No rascunho, vamos dando forma à redação, porque nele as idéias colocadas no esquema passam a ser redigidas, tomando a forma de frases até chegar a um texto coerente.

O primeiro passo para a elaboração de um esquema é ter entendido o tema proposto, pois de nada adiantará um ótimo esquema se ele não estiver adequado ao tema.

Por ser um roteiro a seguir, deve-se dividir o esquema nas partes de que se compõe a redação. Se formos escrever uma redação dissertativa, o esquema já deverá apresentar as três partes da dissertação: introdução, desenvolvimento e conclusão, que podem vir representadas pelas letras a, b e c, respectivamente.

Na letra a, você deverá colocar a tese que vai defender; na letra b, palavras que resumam os argumentos que você apresentará para sustentar a tese; na letra c, uma palavra que represente a conclusão a ser dada.

Quando estamos fazendo o esquema do desenvolvimento (letra b), é comum surgirem inúmeras idéias. Registre-as todas, mesmo que mais tarde você não venha a utilizá-las. Essas idéias normalmente vêm sem ordem alguma; por isso, mais tarde é preciso ordená-las, selecionando as melhores e colocando-as em ordem de importância. A esse processo damos o nome de hierarquização das idéias.

Para não se perder tempo elaborando um outro esquema, a hierarquização das idéias pode ser feita por meio de números atribuídos às palavras que aparecem no esquema, seguindo a ordem em que serão utilizadas na produção do texto.
Apresentamos, agora, um exemplo do esquema com as idéias já hierarquizadas:

Tema: A pena de morte: contra ou a favor?

a) contra, não resolve.

b) 1. direito à vida -- religião
2. outros países -- EUA
3. erro judiciário
4. classes baixas
5. tradição.

c) ineficaz: solução: erradicação da pobreza.

Feito o esquema, é segui-lo passo a passo, transformando as palavras em frases, dando forma à redação.

No exemplo dado, na introdução você se declararia contrário (a) à pena de morte porque ela não resolve o problema do crescente aumento da criminalidade no país.

No desenvolvimento, você utilizaria os argumentos de que todas as pessoas têm direito à vida, consagrado pelas religiões; de que nos países em que ela existe, citando os Estados Unidos como exemplo, não fez baixar a criminalidade; de que sempre é possível haver um erro judicial que leve a matar um inocente; de que, no caso brasileiro, ela seria aplicada somente às classes mais baixas; que não podem pagar bons advogados; e, finalmente, de que a tradição jurídica brasileira consagra o direito à vida e repudia a pena de morte.

Como conclusão, retomaria a tese insistindo na ineficácia desse tipo de pena e indicando outras soluções para resolver o problema da criminalidade, como a erradicação da miséria.

A Gramática da Dissertação

Quanto aos aspectos formais, a dissertação dispensa o uso abusivo de figuras de linguagem, bem como do valor conotativo das palavras (veja bem: estamos falando que não se deve abusar). Por suas características, o texto dissertativo requer uma linguagem mais sóbria, denotativa, sem rodeios (afinal, convence-se o leitor para força dos argumentos, não pelo cansaço); daí ser preferível o uso da terceira pessoa.

Ao contrário da narração, a dissertação não apresenta uma progressão temporal; os conceitos são genéricos, abstratos e, em geral, não se prendem a uma situação de tempo e espaço; por isso o emprego de verbos no presente. Ao contrário da descrição, que se caracteriza pelo período simples, a dissertação trabalha com o período composto (normalmente, por subordinação), com o encadeamento de idéias; nesse tipo de construção, o correto emprego dos conectivos é fundamental para se obter um texto claro, coeso, elegante.

Esse texto foi extraído do endereço: http://www.mundovestibular.com.br